terça-feira, 12 de outubro de 2010

As duas caras da Lua'

Eu guardei meus sonhos no imenso vazio do mundo.
Já fui bailarina, poeta, já fui artista de circo, já fui amante, amada, nasci cinco vezes e morri outras quinze.
Guardei lembranças do tempo na imensa escuridão de uma noite perdida.
Já fui criança, mulher, velha, já fui poeira e já fui pedra.
Eu caminhei por entre os vales que beiravam o infinito abismo da loucura.
E alí eu fui louca, fui sã, fui ébria, alí eu fui humana e fui também um monstro.
Eu desenhei mil rostos em pedaços de pepéis que o tempo não pode destruir.
E então me ví cega, surda, muda e imóvel.
Foi quando descubri, que de tudo que guardei, não há nada que hoje não resida em mim.
Só em mim.
Porque eu também sou o imenso vazio do mundo, sou a escuridão da noite, um abismo de loucura.
Foi quando percebi que o infinito é finito, e cabe todo dentro do meu angustiado peito.
Depois de entender a tudo isto, eu morri pela décima sexta vez.
Porque estar morto, é um estado de espírito, almejado por aqueles que vivem de sonhos.
Desta vez, eu serei as palavras que o vento leva, o abraço que os braços esperam, o beijo que a boca reclama, desta vez eu serei... a eternidade de uma vida desperdiçada.


Desta vez, eu serei você.



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