Eu guardei meus sonhos no imenso vazio do mundo.
Já fui bailarina, poeta, já fui artista de circo, já fui amante, amada, nasci cinco vezes e morri outras quinze.
Guardei lembranças do tempo na imensa escuridão de uma noite perdida.
Já fui criança, mulher, velha, já fui poeira e já fui pedra.
Eu caminhei por entre os vales que beiravam o infinito abismo da loucura.
E alí eu fui louca, fui sã, fui ébria, alí eu fui humana e fui também um monstro.
Eu desenhei mil rostos em pedaços de pepéis que o tempo não pode destruir.
E então me ví cega, surda, muda e imóvel.
Foi quando descubri, que de tudo que guardei, não há nada que hoje não resida em mim.
Só em mim.
Porque eu também sou o imenso vazio do mundo, sou a escuridão da noite, um abismo de loucura.
Foi quando percebi que o infinito é finito, e cabe todo dentro do meu angustiado peito.
Depois de entender a tudo isto, eu morri pela décima sexta vez.
Porque estar morto, é um estado de espírito, almejado por aqueles que vivem de sonhos.
Desta vez, eu serei as palavras que o vento leva, o abraço que os braços esperam, o beijo que a boca reclama, desta vez eu serei... a eternidade de uma vida desperdiçada.
Desta vez, eu serei você.
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